Durante a vigência do cessar-fogo de 4 dias, podemos contar os corpos do massacre cometido pela aliança Yankee-Sionista em Gaza: quase 15.000 pessoas palestinas foram mortas, 6.150 delas eram crianças e 4.000 delas eram mulheres. A Casa Branca deu luz verde para esta matança.
Vidas perdidas não são números, mas falemos o idioma matematizante destes que tomam decisões mortíferas dentro de palácios e bem longe dos campos-de-batalha: no dia 11 de Setembro de 2001, os atentados terroristas nos EUA mataram 2996 pessoas. Isto significa que a aliança Yankee-Sionista já provocou em Gaza desde 7 de Outubro, quando os ataques do Hamas em território israelense mataram aproximadamente 1.200 pessoas, aproximadamente CINCO ONZES-DE-SETEMBRO.
Se nos concentrarmos nas vítimas palestinas que eram mulheres e crianças, aproximadamente 10.150 pessoas que tiveram suas vidas violentamente encerradas, isto também nos leva à assustadora conclusão: é como se a aliança Yankee-Sionista tivesse cometido TRÊS ATENTADOS DO ONZE-DE-SETEMBRO contra WTCs lotados apenas de mulheres e crianças.
Quem ainda continua a vomitar a groselha enjoativa de que estes massacres são meios aceitáveis para atingir um fim justificável me parecem merecer nada menos do que a qualificação de retardados morais. Alguém que considera a matança de 10.000 crianças e mulheres como meio aceitável já é um retardado moral, já abandonou um chão básico de consenso mínimo que deveríamos ter como entes racionais capazes de pensamento ético.
Mesmo que tal “meio” pudesse ser visto como justificável, o que não acho que seja por ninguém que tenha o cérebro lúcido – não é justificável nem por uma ética deontológica, nem por uma ética consequencialista, só por uma pseudo-ética de psicopatas e de racistas – o “fim” em questão está longe de merecer nossas palmas. Não estamos diante de mocinhos que vão livrar o mundo do mal do terrorismo, mas de imperialistas supremacistas causando a migração forçada de mais de 1 milhão de pessoas que tiveram seus lares transformados em escombros.
O “fim” em questão também não tem nada de glorioso – é o imperialismo, estúpido. Inúmeras declarações, por meses, de chefões do Sionismo, indicam que o fim é mesmo a “Solução Final” para limpar o território onde 2 milhões e 300 mil palestinos vivos desde que foram expulsos de suas terras pela Nakba de 1948 e pelas subsequentes agressões militares sionistas. A ideologia da Grande Israel quer “purificar” a faixa de Gaza da presença dos árabes palestinos, primeiro tornando o Norte do território inabitável, forçando assim uma migração em massa rumo ao Sul. O Sul também é duramente bombardeado, com o fim de forçar mais uma migração, expelindo os palestinos para o deserto do Sinai.
O “fim” é a limpeza étnica do território através de uma segunda Nakba; o “meio” inclui o equivalente a TRÊS ONZES-DE-SETEMBRO com prédios imaginários lotados de mulheres e crianças. Quem aplaude ou passa pano pra esse horror é um retardado moral que teve o cérebro lavado pela propaganda imperialista.
Joe Biden, um “democrata”, faz no poder algo que esperaríamos de Trump, um “republicano”. Mas democratas e republicanos são ambos imperialistas e estão contaminados por supremacismo racista contra esses povos marrons das Arábias que nem gente de verdade são. Joe age com um grau de fascismo que rivaliza com Donald, e ambos servem servilmente ao Complexo Industrial Militar que aceita crédito ou débito na venda massiva de instrumentos da morte.
É vergonhosa também a hipocrisia: a aliança Yankee-Sionista é o que permite que as forças armadas de Israel, com muitas armas e bombas made in USA, pratiquem os massacres e atrocidades que vem cometendo; mas depois, posando de bom moço nas coletivas de imprensa, Joe e seus porta-vozes ficam papagueando sobre a ajuda humanitária. Sim, eles tacam bombas que destroem 56.000 edifícios, eles destroem todo o sistema de saúde, eles não perdoam escolas geridas pela ONU ou jornalistas fazendo cobertura, e depois falam: somos do Bem, a gente vai deixar uns caminhõezinhos entrarem com uns band-aids.
Que vergonha, Genocide Joe e todos seus cúmplices.
Querem combater o terrorismo e a jihad utilizando como meios o terrorismo e a jihad em sua versão judaico-cristã: a Cruzada do “Mundo Livre” (rs) contra os bárbaros. Se quisessem de fato combater o terrorismo, acabariam com o apartheid, com a ocupação militar, com o bloqueio na entrada de comida, água e combustível na Palestina; se quisessem acabar com o terrorismo, poderiam ter a dignidade de… ainda que de maneira paternalidade e condescendente… conceder dignidade! Dignidades básicas que estão sendo negadas há décadas à população palestina e que conduz o Hamas à “radicalização”: mas se o teu povo estivesse com a gargante sufocada debaixo da botina do opressor, asfixiado e sem conseguir respirar, você também não se radicalizaria?
Apesar da campanha de desinformação e de degradação e de desumanização do Hamas e das Brigadas Qassam que a mídia afiliada à Aliança Yankee Sionista vem se esforçando em fazer proliferar, não há nenhuma evidência de que “o Hamas decapitou 40 bebês” – uma mentira deslavada que foi publicada por Israel, ele sim que matou de verdade bem mais do que 6.000 crianças. Não há nenhuma evidência de nenhum caso de violência sexual ou estupro praticados pelo Hamas na ofensiva de 7 de Outubro – o que deveria nos levar a concluir que houve um bom nível de “disciplina” na ação e que, apesar de obviamente mortífera, ela contou com freios éticos que se mostram também no trato com os reféns: liberados pelo Hamas agora, os reféns estão bem de saúde e sem sinal algum de terem sido torturados. Torturados são os prisioneiros palestinos nas catacumbas do sistema penitenciário sionista onde muitas pessoas estão presas sem julgamento, submetidas a condições desumanas e degradantes – e é pela libertação destes milhares de presos políticos que o 7 de Outubro foi também motivado.
Quando Israel e os EUA falam que o 7 de Outubro foi o 11 de Setembro israelense, o pior atentado contra judeus desde o Holocausto, construindo a narrativa de que o uso brutal da força militar agora é justificado, usam dois pesos e duas medidas. Se morreram 1200 israelenses aqui, estamos justificados a matar 20.000 palestinos ali – eis a “álgebra da justiça infinita” defendida pelos retardados morais. É totalmente contraproducente, fantasioso, sem conexão com a realidade, o desejo de dar uma “solução final” ao Hamas utilizando a brutalidade mais impiedosa; as vítimas que vão sobreviver aos atuais massacres, com cicatrizes e membros amputados, vão certamente ser aliciadas para a jihad. O círculo vicioso de violência não se rompe com atitudes moralmente retardadas e politicamente criminosas como estas atualmente chefiadas por Washington com Tel Aviv, com apoio da U.E., do Canadá e de mais uma pá de “cidadão de bem”.
E não é só a morte em massa imposta a civis – a extensão do crime da aliança Yankee e Sionista consiste na destruição sistemática e proposital das condições de florescimento digno de toda uma sociedade. Israel e os EUA estão bombardeando hospitais, escolas, ambulâncias, padarias, prédios residenciais – aquelas pessoas que eles não matam, eles largam numa condição desumana, sem comida, sem bebida, sem casa, sem médico, sem escola, sem porra nenhuma. Como se quisessem de fato empurrar 2 milhões de pessoas tratadas como “gado” para fora do território para que Israel prossiga seu projeto brutal de “settler colonialism”.
O cessar-fogo acaba no começo da semana que vem. Netanyahu já prometeu: a gente vai parar de matar vocês por 4 dias, mas depois a gente retoma a matança. Por enquanto a Casa Branca segue dando luz verde para a matança – e a Big Tech segue censurando algoritmicamente posts como esse. Os United States of Aggresion dão não apenas a luz verde para o Genocídio, dão a grana, as armas e os vetos no Conselho de Segurança da ONU quando este tenta pôr freios na carnificina.
Que vergonha, “Mundo Livre”! Um país onde a liberdade é uma estátua usa como política externa o apoio militar e financeiro a um regime racista-supremacista de apartheid e de imposição sistemática da catástrofe. Parem de desumanizar os palestinos! Dignidades elementares já! Fim da ocupação e do apartheid! Shame on you, warmongering moral retards!!!!
Publicado em: 26/11/23
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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